sábado, 19 de fevereiro de 2011

Qual a função da arte?

Olá, pequenitos,
depois de um longo silêncio, cá estou eu novamente!
Boas-vindas a todos...
Este post é para que os primeiros anos antecipem uma questão que norteará nossa reflexão nesta semana que entra, e para os segundos e terceiros anos relembrarem uma "antiga" discussão...
Quem pode me responder qual é a função da arte e do artista?

O escritor gaúcho Érico Veríssimo (1905-1975), respondendo a esta questão, escreveu certa vez:
"Lembro-me de que certa noite - eu teria uns quatorze anos, quando muito - encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam 'carneado'. [...] Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode aguentar isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida?
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a ideia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiça como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade do mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto."
(VERÍSSIMO, Érico (1978). Solo de clarineta. Porto Alegre: Globo. p. 44-5, apud: Abaurre, M. L. et all. (2008) Português. Contexto, interlocução e sentido. São Paulo: Moderna)

E o que mais dizer depois disso?? Que bela metáfora, não?!
Notem que o texto é de 1978 e em 2011 poderíamos repetir que vivemos uma época de atrocidades e injustiça... Como estaríamos, então, se não fossem os éricos veríssimos a nos riscarem seus fósforos?
Precisamos da arte... não porque ela resolve o mundo, mas porque ele nos lembra que temos um mundo para resolver.



beijocas
Amanda

2 comentários:

  1. "A função da arte não é passar por portas abertas, mas a de abrir portas fechadas".

    Ernst Fisher.

    (Só passando pra dizer oi....."oi!")

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  2. Bravíssimo!

    Que bom, Seiji! Seja SEMPRE bem-vindo!
    beijos

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